Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 21 de junho de 2006

A origem do homem

Os imensos dinossauros, de onde muito provavelmente provêm as lendas medievais dos dragões, dominaram a Terra durante o período Jurássico da Era Mesozóica e se extinguiram no período seguinte, o Cretáceo, da mesma era. Existiram, portanto, por um período aproximado de 100 milhões de anos pelo mundo. Durante esse tempo, alguns répteis de porte menor sofreram mutações e acabaram proporcionando o aparecimento das aves e dos mamíferos. A Archaeopteryx litographica, cujos fósseis têm sido encontrados na Baviera, talvez tenha sido a primeira ave surgida, conservando nítidos caracteres de réptil. O mesmo se observou com os primeiros mamíferos surgidos a partir dos répteis terapsidas, pois também se mostravam portadores de muitos caracteres reptilianos. Nos terapsidas, os movimentos dos membros permitia o deslocamento sem roçar o ventre no solo, eram pequenos e, por conseguinte, originaram os mamíferos precursores também de pequeno porte. Contudo, estes últimos já eram homeotérmicos e tinham o corpo coberto de pêlos, com a principal característica de não serem mais ovíparos e possuírem glândulas mamárias em número par. A paleontologia já comprovou que os primeiros mamíferos surgidos eram marsupiais, isto é, portadores de uma bolsa externa no abdome, onde as crias, nascidas precocemente, eram incubadas. Depois, sofrendo um sem-fim de novas mutações, eles foram originando uma imensa variedade de outros mamíferos. O domínio dos répteis havia passado e os mamíferos ocuparam o seu lugar. E assim, o dia chegou em que, a partir dos mamíferos insectívoros, nasceram os tarsióides, pequeninos animais que ainda existem na Indonésia e que abriram o cenário para a eclosão dos macacos. Deles, vieram os platirrinos, que compreendem os pequenos símios, como sagüis e micos, para só mais tarde surgirem os outros tipos de antropóides, como os catarrinos e hominóides, representados pelos babuínos, mandris, gorilas, chimpanzés e orangotangos. Esses grandes macacos que acabamos de citar surgiram no planeta Terra quase ao mesmo tempo que o homem, pois os primatas antropóides, juntamente com o Homo sapiens, descendem de linhagens diferentes mais ou menos contemporâneas de tipos primitivos que já de há muito se extinguiram. Um fato fica, no entanto, incontestável. Se aqueles tipos primitivos deram origem também aos macacos, eles eram evidentemente diferentes dos símios. Portanto, não seriam macacos, ainda que pudessem, no aspecto geral, lembrar muito mais os antropóides dos nossos dias do que qualquer outro animal. E, sendo assim, temos que reconhecer que homem e macacos escondem, disfarçadamente, nos seus comportamentos, um parentesco que remonta ao seu tronco comum, habitante das florestas africanas de uns 60 milhões de anos atrás. Embora difícil de provar, presume-se que há cerca de 2 milhões de anos, já na Era Cenozóica, surgia, por mutação, um tipo simiesco que iniciava a longa jornada da Evolução para originar o homem. Era o Australopithecus africanus, talvez o mais remoto precursor da espécie humana. A partir desse tipo apareceu, por novas mutações, o Pithecanthropus erectus ( homem macaco ), cujo primeiro fóssil foi encontrado e recolhido num terreno vulcânico em Java. Por isso ficou conhecido como o homem de Java. Hoje, o homem de Java é conhecido cientificamente com o nome de Homo erectus. No lento passar dos milhares de anos, as mutações proporcionaram uma verdadeira sucessão de tipos estranhos, cabeludos, com o corpo musculoso e feições agressivas. Surgiam os homens das cavernas. Dentre diversas variedades de hominídeos que habitaram a Terra, quando as paisagens diferiam bastante das que hoje vemos, se distinguiram o Homo sapiens heidelbergensis, o Homo sapiens neanderthalensis, a raça negróide de Grimaldi, o homem de Monte Carmel e, finalmente, a raça de Cro-Magnon.
O homem de Heidelberg já enterrava os mortos com suas armas e utensílios. O homem de Neanderthal já sabia produzir o fogo para se aquecer e assar os alimentos. A raça negróide de Grimaldi parece ter sido o ponto de bifurcação na árvore genealógica da humanidade, de onde se originou a raça negra atual. O homem de Monte Carmel parece ter existido na Palestina, por volta do Pleistoceno Médio. Mas os fósseis de todos os precursores da espécie humana têm sido efetivamente encontrados muito mais pela Ásia, África e Europa, do que pela América.
O último estágio da Evolução que antecedeu ao aparecimento do homem moderno foi marcado pelo homem de Cro-Magnon.
Se bem que o homem de Neanderthal, que vivera anteriormente, já tivesse deixado utensílios domésticos, desenhos e armas manufaturadas, que revelaram o seu grau de adiantamento, foi o Cro-Magnon que atingiu o grande nível de inteligência, já adotando rituais, forjando suas crenças religiosas, esculpindo figuras de pessoas e animais nas rochas das cavernas e se aperfeiçoando na caça e na preparação de peles para se abrigar do frio. Sua fisionomia era praticamente idêntica à do Homo sapiens atual, mas a sua estatura era ligeiramente maior, pois revelava uma altura média de 1,80 m. segundo muitas pesquisas, ele transitou pelo mundo até aproximadamente uns 5 mil anos atrás. Mas, muito antes de se extinguir, já havia originado, por mutação, o tipo humano que conhecemos. O homem moderno, como nos rotulamos hoje, deve existir há mais de 20 mil anos.
Se é desconcertante reconhecer um certo grau de parentesco entre nós e os gorilas, é muito mais intrigante, todavia, imaginar que, se todas as espécies viventes da Terra provêm dos primeiros organismos inferiores que aqui surgiram nos mares quentes do Pré-cambriano, então o tronco original é comum para todos os habitantes do planeta. Logo, é evidente um parentesco real, não somente entre homens e símios, mas entre todos os seres terrenos, que, numa fraternal comunidade, vivem grudados à superfície desse minúsculo mundo, perdido como um grão de areia entre sextilhões de outros astros, numa prodigiosa viagem pelo espaço misterioso do Universo.
Comentários